Devocional em Juízes 15

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Paz Igreja, bom dia.

Devocional em Juízes 15 — 17/04/2025

Juízes 15 continua a história intensa e bagunçada de Sansão. Esse capítulo parece mais um roteiro de filme de ação com traição, vingança, fogo e batalhas. Mas no fundo, ele é mais do que só isso. Ele mostra como Deus pode agir mesmo quando a motivação humana é cheia de ego, impulsividade e violência.

Sansão volta para ver sua esposa, que foi dada a outro homem (lembra de Juízes 14?). Ele tenta entregar um presente (um cabrito — bem diferente de flores…), mas o sogro o impede de vê-la. O sogro ainda tenta “compensar” oferecendo a irmã mais nova. Isso revolta Sansão, e ele planeja vingança.

O plano é, no mínimo, inusitado: ele pega 300 raposas, amarra-as em duplas com tochas acesas nos rabos e solta nos campos dos filisteus. Resultado? Os campos, vinhas e olivais são completamente destruídos. A economia filisteia sofre um baque enorme.

Os filisteus, em retaliação, matam a mulher de Sansão e o pai dela queimados. Isso mostra a espiral de violência: vingança gera mais vingança, e a situação só piora.

Sansão, em vez de parar, decide se vingar mais uma vez. Ele diz: “Visto que agiram assim, não descansarei enquanto não me vingar de vocês.” Ele parte pra cima dos filisteus e os ataca com força.

O povo de Judá, com medo da retaliação filisteia, entrega Sansão aos inimigos para tentar apaziguar a situação. Eles não entendem que Deus está levantando Sansão justamente pra livrá-los desses opressores. Mas, com medo e conformismo, preferem entregar seu próprio libertador do que enfrentar o inimigo.

Isso diz muito sobre como o medo pode nos fazer esquecer quem Deus é e o que Ele está fazendo.

Quando Sansão é entregue amarrado aos filisteus, o Espírito do Senhor vem sobre ele de novo. As cordas se rompem como fios queimados, ele acha uma queixada de jumento e mata mil homens.

Sim, com uma queixada de jumento. Um instrumento comum, nada glorioso. Isso nos mostra que Deus não precisa de armas sofisticadas pra cumprir Sua vontade. Ele usa o que quer, como quer e quando quer.

Depois da batalha, Sansão canta uma espécie de “canção da vitória” (meio sarcástica), e o lugar passa a ser chamado de Ramate-Leí — “altura da queixada”.

Depois da vitória, Sansão sente sede e clama a Deus. “Me deste esta grande vitória… e agora vou morrer de sede?” É curioso: ele se acha forte o suficiente pra vencer mil homens, mas se vê impotente diante de sua própria sede.

Deus, em sua misericórdia, abre uma fonte de água na rocha, e Sansão bebe e se fortalece.

Esse é o ponto alto do capítulo. No meio de um cenário bagunçado de impulsividade, orgulho e violência, Deus ainda responde à oração. Ele cuida do Seu servo — não porque Sansão mereça, mas porque Deus é gracioso.

Juízes 15 é um retrato da bagunça humana sendo usada por Deus pra cumprir Seu plano. Sansão é usado por Deus, mas vive guiado por suas emoções e sede de vingança. Mesmo assim, Deus não deixa de agir. Ele derrota os filisteus, livra Israel e ainda dá água ao seu juiz sedento.

Isso não nos dá licença pra viver desordenadamente, mas nos dá esperança: mesmo quando somos complicados, Deus permanece fiel. Ele não é limitado por nossa fraqueza, e mesmo no meio do caos, Sua vontade prevalece.

O capítulo mostra que Deus não depende de heróis perfeitos pra fazer Sua obra. Ele é soberano até sobre as nossas emoções descontroladas. Mas também deixa claro que, embora Deus use o nosso caminho torto, isso não isenta a nossa responsabilidade. Ele é misericordioso e poderoso pra agir mesmo quando não entendemos os porquês — mas nossa resposta deve ser temor, dependência e humildade. A força não está em nós, está no Senhor. E quando reconhecemos nossa sede, nossa limitação, Ele nos sustenta com graça.

Oração

Senhor, obrigado porque Tu és fiel mesmo quando somos desordenados. Obrigado porque Tua graça se manifesta mesmo em meio às nossas falhas, e porque a Tua vontade não é frustrada pelos nossos impulsos. Nos ensina a confiar mais em Ti do que em nós mesmos, a buscar a Tua força e não reagir movidos pela carne. Que a nossa vida não seja um reflexo de vingança, mas de submissão ao Teu propósito. Sustenta-nos, Senhor, como sustentaste Sansão, e usa-nos, mesmo sendo frágeis. Em nome de Jesus. Amém.

Pr Marcello Amorim

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