Paz igreja, bom dia
Devocional em 1 Samuel 3 – 15/05/2025
O capítulo 3 de 1 Samuel é um daqueles momentos únicos na narrativa bíblica. Aqui temos uma virada de chave: Deus rompe o silêncio e chama um menino para ser profeta. Enquanto o sacerdote Eli vai perdendo espaço por sua negligência espiritual, Samuel começa a ser levantado como um instrumento fiel de Deus. O texto é recheado de contrastes, revelações e uma teologia profunda da Palavra de Deus.
Logo no começo, o texto diz que “naqueles dias, raramente o Senhor falava, e as visões não eram frequentes.” Isso é muito sério. Israel estava em silêncio profético, e não porque Deus estivesse longe, mas porque o povo — especialmente os líderes espirituais — estavam insensíveis e desobedientes. Quando a Palavra de Deus é desprezada, o silêncio dEle se torna um juízo.
E é justamente nesse contexto que Deus começa a agir de novo — e faz isso de maneira inesperada, chamando um menino.
Samuel está deitado no templo, junto à arca da aliança, e o Senhor o chama pelo nome. O menino pensa que é Eli quem está chamando, e isso se repete três vezes. Só então Eli percebe que é Deus quem está falando.
Isso nos ensina que ouvir a voz de Deus não é algo natural ao coração humano. Mesmo vivendo no templo, Samuel ainda não conhecia o Senhor (v.7), ou seja, ainda não havia tido um relacionamento direto com a Palavra revelada. Mas Deus o chama. E Eli, apesar de sua fraqueza espiritual, acerta ao orientar o menino a dizer: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve.”
Esse momento é maravilhoso. Deus se revela a Samuel e inaugura seu ministério profético. Samuel não apenas ouve, mas escuta com temor e obediência. Essa é a postura que todos devemos ter diante da Palavra: servos que ouvem, prontos a obedecer.
A primeira mensagem que Samuel recebe é difícil. Ele deve anunciar o juízo de Deus sobre a casa de Eli. É uma prova imediata de fidelidade. E Samuel, mesmo jovem, não se omite. Ele fala a verdade, com coragem. O ministério profético é isso: falar o que Deus diz, mesmo quando é duro, mesmo quando confronta.
Deus declara que o pecado da casa de Eli — especialmente a negligência dele como pai e sacerdote — não será expiado. O juízo é certo. Deus leva a sério a santidade de Sua casa.
O capítulo termina com uma afirmação poderosa: “O Senhor estava com Samuel, e nenhuma de suas palavras deixou de se cumprir.” Deus o confirmou diante de todo Israel. Ele foi reconhecido como profeta, porque falava em nome do Senhor. O texto diz ainda que o Senhor continuava a se revelar em Siló — Deus que havia silenciado agora fala novamente, por meio de Samuel
Esse capítulo é um lembrete claro de que Deus levanta quem Ele quer, mesmo que seja improvável aos olhos humanos. Samuel era só um menino, mas com o coração sensível à voz do Senhor. Enquanto líderes como Eli se acomodam, Deus procura servos dispostos a ouvir e obedecer. Deus não age segundo aparências ou estruturas, mas segundo Sua vontade soberana.
Quando a Palavra é escassa, Deus pode levantar um único fiel para restaurar Sua voz no meio do Seu povo. E quando Deus fala, é para ser ouvido com reverência, temor e prontidão para obedecer. Samuel nos ensina que não há ninguém pequeno demais para Deus usar, nem jovem demais para levar a sério a voz do Senhor.
Oração
Senhor, queremos ter ouvidos sensíveis à Tua voz, como Samuel. Dá-nos corações que Te busquem com reverência e disposição. Que não nos acostumemos ao silêncio espiritual, mas sejamos homens e mulheres atentos à Tua Palavra. Levanta entre nós servos fiéis, que falem com ousadia e vivam com temor, mesmo em dias de frieza e descaso. Fala, Senhor, que Teus servos ouvem. Em nome de Jesus, amém.
Pr Marcello Amorim