Em tempos de crise epidêmica, somos chamados a mergulhar além da superficialidade para buscar respostas essenciais afinal ainda lidamos com os reflexos da pandemia do COVID-19 e agora lidamos com uma epidemia de dengue , isso certamente no causa certos questionamentos. Na comunidade cristã, por vezes, percebe-se uma hesitação em aceitar a suficiência das Escrituras diante dos dilemas humanos. Contudo, é crucial questionarmos: acreditamos na Suficiencia das Escrituras para nos guiar, mesmo diante do mal que permeia nosso mundo?
A pandemia, as guerras e as catástrofes naturais são lembretes pungentes da vulnerabilidade humana e da presença do mal em um mundo caído. Em meio a essas adversidades, a Palavra de Deus oferece orientação e esperança, assegurando-nos de que não estamos desamparados.
O sofrimento, uma consequência da natureza caída da humanidade, toca a todos, independentemente de posição social ou riqueza. Nossa fé cristã não nos isenta do sofrimento ou da morte. Contrariamente à crença de alguns líderes que proclamam uma imunidade cristã ao sofrimento, as Escrituras revelam uma verdade mais profunda: a vida cristã não é a promessa de conforto terreno, mas de justificação e fortalecimento pelo Espírito Santo para enfrentarmos nossas lutas, sabendo que, no fim, nos espera a glória eterna.
A teodiceia, é o campo da teologia, aborda a coexistência do mal com um Deus bom e onipotente. Este paradoxo desafia o coração humano: como Deus pode ser bom e todo-poderoso, e ainda assim o mal existir? As Escrituras, contudo, afirmam que Deus é soberano e que tudo, inclusive o mal, está sob Seu controle, trabalhando para um propósito maior dentro de Seu plano redentor.
Neste cenário, é essencial que a igreja esteja equipada com uma teologia sólida do sofrimento. Não somos imunes à dor, mas temos a promessa da presença e do cuidado de Deus. A resposta cristã ao problema do mal não é encontrada em perspectivas humanistas , mas na confiança de que Deus está regendo a história humana, inclusive permitindo o mal, para Sua glória final.
Conclusão
As tentativas de explicar o mal no mundo são muitas, mas nenhuma delas pode refutar a soberania e a santidade de Deus. Deus não está submetido a uma ética humana; Ele é o autor da ética e age conforme Sua vontade para o cumprimento de Seus propósitos divinos. Através de eventos e decisões, sejam elas boas ou más aos nossos olhos, Deus está conduzindo uma história maior de redenção e glória. O verdadeiro mal, então, é a distorção do que Deus criou como bom, e cada ato de maldade moral ou natural serve ao propósito supremo de Deus na história.
A igreja deve, portanto, oferecer uma resposta robusta e teologicamente embasada ao mal, um entendimento que nos leve além da percepção limitada e, muitas vezes, distorcida da realidade. Este entendimento começa com a aceitação de que, embora o mal seja real e presente, ele não é maior que a soberania de Deus.
Nossa tarefa é confiar na suficiência das Escrituras e na presença constante de Deus, que, através de Seu filho Jesus Cristo, conhece profundamente a dor humana e nos oferece Sua graça e misericórdia. Assim, fortalecidos pela fé, podemos enfrentar as adversidades do mundo caído, sabendo que o nosso sofrimento não é em vão e que Deus é o arquiteto de um plano que culminará em Sua glória e no nosso eterno bem-estar.
Estes textos bíblicos formam a base teológica para a compreensão de que, apesar do mal presente no mundo, Deus é soberano e está trabalhando Seu propósito redentor na história humana.
Suficiência das Escrituras:
2 Timóteo 3:16-17 – “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”
Salmo 19:7-9 – A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma; os testemunhos do Senhor são dignos de confiança e dão sabedoria aos simples.
Presença do mal em um mundo caído:
Romanos 5:12 – “Portanto, assim como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”
Gênesis 3 – A queda do homem que introduz o mal e o sofrimento no mundo.
Fortalecimento e esperança diante do sofrimento:
Romanos 8:18 – “Pois considero que os sofrimentos do tempo presente não são dignos de serem comparados com a glória que em nós será revelada.”
1 Pedro 5:10 – “E o Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo, depois de terem sofrido por um pouco, ele mesmo os restaurará e os fará fortes, firmes e inabaláveis.”
Soberania e propósito de Deus no mal:
Isaías 45:7 – “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; Eu, o Senhor, faço todas estas coisas.”
Romanos 8:28 – “E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.”
A resposta de Deus ao mal:
Apocalipse 21:4 – “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”
Confiança na soberania de Deus:
Provérbios 3:5-6 – “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.”
A teologia reformada enfatiza a soberania de Deus e a suficiência das Escrituras, o que significa que até nos momentos mais sombrios da experiência humana, os cristãos têm uma fonte segura de verdade e esperança nas promessas de Deus. Assim, em meio a crises como pandemias e desastres naturais, a fé cristã não oferece uma isenção do sofrimento, mas a certeza de que Deus está conosco em meio ao sofrimento e que, em última análise, todas as coisas contribuirão para o bem daqueles que amam a Deus.
Pr Marcello Amorim
O deserto é lugar de ensino. Texto muito bom, obrigada pelo seu cuidado e zelo com a noiva do Senhor.