Paz igreja, bom dia
Devocional em 1 Samuel 2 – 14/05/2025
O capítulo 2 de 1 Samuel começa com o cântico de Ana, uma verdadeira teologia cantada. O sofrimento dela no capítulo anterior deu lugar a uma adoração profunda, que revela o quanto Ana conhecia a Deus. E, logo depois, o capítulo nos mostra um contraste brutal entre o menino Samuel, que servia ao Senhor com humildade, e os filhos de Eli, que abusavam do cargo sacerdotal com arrogância e impiedade. O tema central aqui é claro: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
Ana começa exaltando o Senhor: “Meu coração exulta no Senhor, minha força está exaltada no Senhor.” Ela não está apenas feliz por ter um filho; ela está maravilhada com o caráter de Deus. Esse cântico é uma das passagens mais ricas da Bíblia em teologia prática. Ana celebra a santidade de Deus (“Não há santo como o Senhor”), a soberania dEle sobre a vida e a morte, sobre a riqueza e a pobreza, e a Sua justiça que exalta os humildes e derruba os poderosos.
Ela diz: “O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.” Aqui está o ponto: o mundo valoriza força, status e controle; Deus valoriza dependência, humildade e fé. Ele ergue do pó o necessitado e do monturo levanta o pobre. Ana aprendeu isso no sofrimento e agora canta com gratidão.
Logo depois do cântico, vemos o pequeno Samuel crescendo diante do Senhor, servindo com simplicidade. Mas em contrapartida, os filhos de Eli — Hofni e Fineias — são descritos como homens ímpios. Eles eram sacerdotes, mas não conheciam o Senhor. Eles roubavam das ofertas e cometiam imoralidades no templo. O texto é duro: “Eram filhos de Belial.”
Aqui vemos outro tema forte: a liderança religiosa corrompida que traz juízo sobre o povo. Deus não se cala diante do pecado, especialmente quando praticado por líderes espirituais. O Senhor envia um homem de Deus para advertir Eli e anunciar juízo: sua casa seria cortada, e Deus levantaria um sacerdote fiel.
No fim do capítulo, temos uma profecia sobre o juízo da casa de Eli e a promessa de um novo sacerdote que faria conforme o coração de Deus. Isso aponta para Samuel, sim, mas também aponta mais à frente para o próprio Cristo, o Sumo Sacerdote perfeito. Em meio à decadência espiritual, Deus já estava preparando um novo começo.
Esse capítulo nos ensina que Deus não precisa de grandes estruturas nem títulos religiosos. Ele usa Ana, uma mulher estéril e desconhecida, para trazer à tona o profeta que transformará Israel. Enquanto os filhos de Eli desonram a Deus, Samuel cresce de forma silenciosa e fiel. Deus está sempre operando, mesmo quando a corrupção parece dominar.
O Deus de Ana é o Deus que vê os corações. Ele derruba os arrogantes e levanta os que confiam nEle. Ele julga os líderes infiéis, mas também sustenta aqueles que O temem. Ele é justo, santo, e soberano. Nada escapa dos Seus olhos. E Ele sempre está preparando algo novo — ainda que em silêncio, ainda que entre lágrimas, ainda que longe dos holofotes. Confiar nEle é sempre o caminho mais seguro.
Oração
Senhor, Tu és o Deus que exalta os humildes e resiste aos soberbos. Ensina-nos a viver como Ana — confiando em Ti mesmo no sofrimento, e adorando-Te quando vier a vitória. Livra-nos da arrogância dos filhos de Eli, da frieza espiritual e do desprezo pelo santo serviço a Ti. Faz de nós, como Samuel, servos fiéis, mesmo nas pequenas coisas, para que possamos Te honrar em todo o tempo. Em nome de Jesus, nosso Sumo Sacerdote eterno, amém.
Pr Marcello Amorim