Paz igreja, bom Dia
Devocional em 1 Samuel 8 – 29/05/2025
1 Samuel 8 marca uma virada dramática na história de Israel. Até aqui, Deus é quem governava diretamente sobre o povo, por meio de juízes e profetas. Mas agora, o povo quer ser como os outros povos. Eles olham pro lado, veem as nações vizinhas com seus reis, exércitos e glória, e acham que estão perdendo alguma coisa. Esse capítulo revela uma crise de identidade espiritual, e expõe o coração de um povo que prefere o visível à fé, e a autonomia humana ao governo de Deus.
O capítulo começa com Samuel envelhecendo. Seus filhos, que ele colocou como juízes, não seguiram seus caminhos. Eles eram corruptos, gananciosos, vendiam justiça. Então os anciãos de Israel se reúnem e dizem: “Dá-nos um rei para que nos governe, como o têm todas as nações”.
Aqui está o problema: a questão não era apenas política, era espiritual. Eles não buscaram ao Senhor sobre a crise. Não pediram por um juiz fiel. Não clamaram por restauração. Eles quiseram imitar o mundo, rejeitando a singularidade do governo de Deus sobre Israel. E o Senhor deixa isso claro a Samuel: “Não foi a ti que rejeitaram, mas a mim, para que eu não reine sobre eles”.
Essa é uma das declarações mais tristes das Escrituras. O povo não queria mais ser governado por Deus. Isso é apostasia disfarçada de modernização.
Deus manda Samuel advertir o povo sobre o que realmente significa ter um rei humano. E Samuel não alivia: o rei vai tomar seus filhos para a guerra, suas filhas para trabalhar em seus palácios, os melhores campos, as colheitas, os servos e até os animais. O rei vai exigir o dízimo das produções ou seja, vai pesar no bolso. O resumo é este: “Vós sereis seus servos”. O povo quer liberdade e glória como as outras nações, mas vai acabar escravizado por um sistema opressor.
Esse trecho é um lembrete poderoso: quando o homem rejeita o governo de Deus para seguir seu próprio caminho, ele não encontra liberdade ele se escraviza. Todo sistema humano que ocupa o lugar de Deus se torna um fardo.
Mesmo depois de ouvir tudo isso, o povo insiste: “Não! Queremos um rei sobre nós!” O coração está endurecido. Eles querem um líder humano que vá à frente, que lute suas batalhas, que os represente mesmo que isso custe sua liberdade e a bênção de Deus.
E o Senhor diz a Samuel: “Ouve a voz deles e constitui-lhes um rei.” É o juízo de Deus: às vezes, Ele permite que a gente colha o fruto do nosso próprio desejo, para que vejamos como é amargo andar longe dEle.
1 Samuel 8 nos confronta com a tentação constante de buscar segurança, identidade e direção em qualquer coisa fora de Deus. A pressão cultural e a comparação com o mundo ao redor são perigosas armadilhas para o povo de Deus. Quando tentamos moldar a nossa vida, nossa igreja ou nossa espiritualidade aos moldes do mundo, acabamos rejeitando o senhorio de Deus, mesmo que mantenhamos uma aparência religiosa.
Esse capítulo nos ensina que o desejo de “ser como as outras nações” é, na verdade, uma recusa de ser povo exclusivo do Senhor. E isso não vem sem consequências. Quando trocamos o governo amoroso de Deus por qualquer outro tipo de liderança seja política, ideológica ou espiritual , estamos nos colocando em jugo.
Mas mesmo diante da rejeição, Deus continua agindo. Ele dá ao povo um rei e, mesmo nesse caminho torto, vai desenhar a linha que levará até o verdadeiro Rei, Jesus Cristo, o Rei que não explora, mas se entrega pelo povo. A graça de Deus é maior que nossa rebeldia, e isso é nossa esperança.
Oração:
Senhor, Tu és o único Rei justo, fiel e digno da nossa total confiança. Perdoa-nos quando desejamos ser como o mundo e rejeitamos Teu governo sobre nossas vidas. Ensina-nos a amar a Tua vontade, a confiar no Teu cuidado e a andar como povo separado, santo e obediente ao Senhor. Que o nosso coração esteja rendido ao reinado de Cristo todos os dias.
Em nome de Jesus, amém.
Pr Marcello Amorim